Em geral estamos mais acostumados a lidar com traumas físicos do que emocionais. Sabemos o que fazer com a dor de bater o dedinho na quina do sofá ou com o mal estar estomacal depois de um almoço farto aos domingos. Nós entendemos sua origem e temos estratégias para lidar com essas questões mais visíveis, reações físicas, visíveis e cuja a extensão pode ser avaliada com relativa facilidade.
Já o com o adoecimento psicológico é diferente. Nem sempre conhecemos a causa ou entendemos a extensão do problema. O mais comum é que percebamos os prejuízos a nossa rotina ou certas dificuldades de interação, sendo que muitas vezes só passamos a considerar que temos um problema quando sintomas físicos aparecem.
“[...]o portador de sofrimento psíquico, é aquele que padece de algo cuja origem ele desconhece e que o leva a reagir, na maioria das vezes, de forma imprevista.” (Ceccarelli,2005)
O sofrimento psíquico se refere ao mal-estar ou dor emocional que vivenciamos no nosso dia a dia. Ele pode ser causado por uma variedade de fatores, incluindo traumas, estresse, problemas pessoais, problemas de saúde mental, como transtornos de ansiedade, depressão e transtornos de personalidade, entre outros. O sofrimento psíquico pode afetar o bem-estar geral de uma pessoa, influenciando sua capacidade de lidar com as demandas diárias, relacionamentos interpessoais, trabalho e outras atividades.
E é importante frisar que certa dose de sofrimento psíquico é inerente ao viver, ou seja, alguns acontecimentos na nossa vida vão gerar certa carga de sofrimento psíquico. A perda de um ente querido, um desentendimento no trabalho, o término de um relacionamento importante, privação de sono, entre outras situações podem nos levar a experimentar certa dose de sofrimento e mal-estar.
Porém, as vezes esses sofrimentos comuns e esperados do cotidiano saem do controle. Se intensificam e ficam muito mais difíceis de lidar. Tomam formas mais complexas e geram prejuízos bem maiores. Algumas pessoas podem sentir tristeza ou ansiedade intensas, enquanto outras podem sentir raiva, frustração ou desespero tão agudos que isso as impede de viver suas vidas normalmente. Além disso podem passar a experimentar sintomas físicos, como dores de cabeça, fadiga, insônia com maior frequência e intensidade. É quando um sofrimento comum passa a ser um processo adoecedor. É importante reconhecer os sintomas de sofrimento psíquico e procurar ajuda profissional quando necessário.
O tratamento para o sofrimento psíquico pode incluir terapia, medicação e mudanças no estilo de vida. A terapia pode ajudar as pessoas a aprender a gerenciar seus sentimentos e pensamentos, enquanto a medicação pode ajudar a aliviar os sintomas associados. Mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos regulares, dieta saudável, meditação e atividades de lazer também podem ajudar a melhorar o bem-estar geral.
É importante lembrar que o sofrimento psíquico é comum e que buscar ajuda é uma forma de cuidar de si mesmo. A psicoterapia é um recurso importante para aliviar o sofrimento emocional, promover a saúde mental e melhorar a qualidade de vida.
Referência: Ceccarelli, P. (2005). O sofrimento psíquico na perspectiva da psicopatologia fundamental. Psicologia em estudo, 10, 471-477.