Muitas vezes iniciar ou dar continuidade a uma tarefa se mostra um grande desafio. Seja por que a tarefa é desagradável ou por ser complexa demais e exigir um certo preparo e planejamento prévio. E acabamos adiando o início desta tarefa, ou simplesmente abandonando-a.
A procrastinação é o ato de adiar ou postergar tarefas, atividades ou decisões que precisam ser realizadas, optando por fazer outras coisas menos importantes ou até mesmo evitando completamente o que precisa ser feito.
É um comportamento que envolve uma dificuldade em gerenciar o tempo de forma eficiente e a habilidade de saber priorizar e organizar informações. Algumas pessoas podem passar horas, dias ou semanas pensando constantemente na execução de uma tarefa ou nas variáveis que envolvem uma tomada de decisão sem nunca chegar a uma conclusão ou dar inicio a atividade em si. Um processo improdutivo, frustrante e bastante cansativo.
E sim, viver atormentado por pensamentos sobre algo que deveríamos estar fazendo é , além de desagradável, bastante cansativo. O cérebro sozinho consome de 10 a 20% das calorias gasta pelo corpo, o que significa dizer que a atividade cerebral tem um gasto elevado de calorias. E embora não seja muito comum considerar que o pensamento é uma atividade física, ele de certa forma é e, a sua maneira, também é passível de fadiga.
Outro prejuízo da procrastinação é o aumento do estresse, a diminuição da qualidade do trabalho devido à falta de tempo adequado para realizá-lo e a perda de oportunidades. Além disso, a procrastinação pode afetar negativamente a autoestima e a sensação de realização pessoal, uma vez que a pessoa se sente frustrada por não cumprir suas responsabilidades ou alcançar seus objetivos.
Porem mesmo trazendo tantos prejuízos não é fácil superar a procrastinação. “O comportamento procrastinatório é considerado relativamente difícil de ser modificado porque fornece um conforto temporário em um mundo cheio de demandas, incertezas e responsabilidades, sendo utilizado como estratégia de enfrentamento diante de tarefas aversivas” (Basco apup Brito, 2013)
Ou seja, mesmo sendo cansativas e estressantes, as estratégias procrastinatórias nos dão uma sensação imediata de alivio e segurança, sob a falsa ideia de que poderemos resolver as questões no futuro. Ou simplesmente por afastar a tomada de decisão do momento presente. O comportamento procrastinatório é em grande parte um comportamento supersticioso, onde nos convencemos que aguardar ou evitar um problema ou atividade irá resolver esta situação magicamente.
Para sair deste funcionamento e superar a procrastinação precisamos desenvolver habilidades de autodisciplina, gerenciamento do tempo e motivação. Alguns métodos eficazes para lidar com a procrastinação incluem estabelecer metas claras, dividir tarefas em partes menores e mais gerenciáveis, criar um cronograma ou lista de tarefas, eliminar distrações, buscar ajuda e suporte de outras pessoas, recompensar-se após completar tarefas e cultivar hábitos saudáveis de produtividade.
Quando passamos a aprender a olhar para uma tarefa ou decisão de forma mais clara e objetiva, de forma a estabelecer um caminho claro para a sua resolução e nos sentimos seguros com as nossas escolhas deixamos de recorrer a procrastinação. Criamos uma relação mais saudável e madura com o processo de tomada de decisão. Para que ele deixe de ser desagradável e passe a ser reforçador e edificante para nossas vidas.
BRITO, Fernanda de Souza; BAKOS, Daniela Di Giorgio Schneider. Procrastinação e terapia cognitivo-comportamental: uma revisão integrativa. Revista brasileira de terapias cognitivas, v. 9, n. 1, p. 34-41, 2013.