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Foto do escritorMaycon Lozano

Famílias Narcisistas

Quando falamos de personalidade narcisista estamos nos referindo a um padrão comportamental marcado por uma persistente percepção de grandiosidade, necessidade de admiração e afirmação e falta de empatia pelos outros. Podemos identificar o “[...] narcisismo pela presença de atitudes de elevada admiração e amor por si próprio, medo da perda amorosa e do fracasso pessoal, uma atitude defensiva (incluindo a megalomania, idealização e negação) e necessidade de ser adorado”. (Oliveira,2014)


Entretanto é bem comum que esses comportamentos tenham como função principal ocultar ou compensar uma profunda insegurança e vulnerabilidade emocional, que leva o narcisista a uma relação de dependência em relação a aprovação social e protagonismo nas relações. A personalidade narcisista pode levar a dificuldades nos relacionamentos interpessoais e afetar negativamente a vida profissional e pessoal da pessoa. Fazendo com que essa pessoa tenha dificuldade em manter relações afetivas ou desenvolver relacionamentos duradouros e saudáveis.


No entanto, conviver com alguém narcisista também não é uma tarefa fácil, pois esta pessoa tem a tendencia de colocar os seus anseios e vontades acima e a frente das necessidades dos outros. Uma frustação que pode ser ainda maior caso essa pessoa narcisista se encontre em uma posição hierarquicamente superior no seu grupo social, como um chefe, uma figura de autoridade ou desempenhar algum papel parental nessa relação. Esses indivíduos frequentemente impõem suas próprias crenças e valores sobre os outros, e podem usar táticas como manipulação e chantagem emocional para garantir que sua vontade seja cumprida.


Um dos principais problemas de uma família narcisista, por exemplo, é que os membros da família que não se encaixam na visão narcisista dos pais podem ser alvo de críticas e rejeição, o que pode levar a problemas de autoestima e ansiedade. Além de gerar um sentimento constante de inconformidade e desesperança nas crianças submetidas a uma criação ou tutela narcisista, por não conseguirem atingir as expectativas impostas. Os membros não narcisistas desta família podem se sentir presos em um ambiente tóxico e pouco saudável, sem opções ou recursos para sair. Ou ainda podem se ver forçados a viver de acordo com o desejo do tutor narcisista, para evitar possíveis punições e desavenças.


Gerando um ambiente adoecedor onde a falta de empatia e conexão emocional entre os membros se torna motivo para constantes desentendimentos e mágoas. Como o foco é sempre no indivíduo narcisista, os outros membros da família podem não receber apoio emocional ou compreensão em momentos de dificuldade fragilizando ainda mais essas pessoas em momentos de dificuldade. Isso pode levar a uma sensação de isolamento e solidão, bem como dificuldades em desenvolver relacionamentos saudáveis ​​com outras pessoas.


E mesmo que haja um processo que busque uma mudança positiva neste cenário os narcisistas podem ter dificuldades em lidar com mudanças e desafios, especialmente se isso envolver a perda de controle ou poder por parte do indivíduo narcisista. Mudanças significativas na dinâmica da família, como divórcio ou a chegada de um novo membro da família, podem ser especialmente difíceis de lidar. Os membros da família podem se sentir presos em uma situação insalubre e insustentável, sem saber como lidar com as mudanças ou buscar ajuda externa.


O apoio psicológico pode ajudar essas famílias narcisistas desenvolvendo estratégias para lidar com comportamentos disfuncionais e melhorar a comunicação entre os membros, ajudando a reduzir o uso de táticas manipulativas e proporcionando um ambiente com maior aceitação a diversidade de ideias e posicionamentos. Além disso, a terapia comportamental pode ajudar os membros da família a identificar e lidar com suas próprias emoções e necessidades, o que pode ajudar a reduzir a dependência de um indivíduo narcisista para validação e apoio emocional. Embora o tratamento possa ser desafiador para uma família narcisista, a psicologia comportamental pode fornecer um caminho para a mudança positiva e a melhoria dos relacionamentos familiares.


Referência: Oliveira, A. M. (2014). Narcisismo, biossociabilidade e escola contemporânea. Psicologia & Sociedade, 26, 185-193.

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